Tempos

Tínhamos um passado promissor. Mas ele queria presente e eu, futuro. Éramos opostos e isso não nos atraía, só nos jogava em direções diferentes. Eu aprendi a viver todos os tempos de uma só vez e ele ficou estacionado no tal do agora. Nos separamos e de nós só restou algumas recordações e o velho ressentimento que sempre aparece quando as coisas não terminam bem.

Um dia, muito tempo depois, nos encontramos por acaso. Conversamos por um tempo, mas não existia muita coisa a dizer. Parecíamos completos desconhecidos falando de trivialidades. Tive que pagar a conta. Era sempre eu quem fazia isso. E era triste, porque continuava querendo o melhor pra ele, mesmo depois de tudo. Ainda tínhamos um passado, mas ele insistia nessa coisa de presente e não chegava ao fim do mês. E eu continuava vivendo. Nem sempre a gente pode acreditar no que falam na televisão e esse negócio de carpe diem só funciona nos sonhos de algum escritor do século retrasado.

E lá se foi o que não era pra ser.

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