O calor aumenta, as nuvens aparecem, o ritual se repete todos os anos. Não existe uma data definida, não tem um mês certo, mas ela sempre vem. O vento muda de direção, o suor escorre pelo rosto, a esperança ressurge depois de alguns longos meses amarronzados pela poeira, pelo fritar do sol. Sim, ela está chegando. Hoje ou amanhã, mas não deve tardar.
Os raios de sol se misturam com as nuvens, tudo parece mudar, num segundo saímos sem proteção e no outro, os pingos caem implacáveis. A atmosfera avisa, o vento grita, o cheiro vem. Um dos aromas que mais amo nesse mundo, além daquele que ainda não sei todos os segredos.
As pessoas, com sorrisos estampados, mas um pouco assustadas, vão para as janelas, as crianças brincam no meio de tanta água. O sol ainda brilha, mesmo que um pouco cinzento. Logo tudo estará verde de novo, as coisas um pouco melhores do que antes.
E lá fora, a chuva cai forte como eu.