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Chuva

Eu não estava acostumada ao medo de chuva. Venerava tempestades. Alguns dias olhava pela janela, mas, em outros, eu aproveitava pra me molhar inteira. Minha mãe sempre brigava comigo, dizia que eu iria pegar um resfriado. E eu saía correndo em disparada para longe dos gritos dela. Aquele momento era só meu e da chuva. Resfriado passa com o tempo, mas aquela chuva não iria mais se repetir e eu não tinha medo dos raios, de ficar encharcada, da gripe, das ameaças da minha mãe, de nada.

Algumas pessoas que eu conheci naqueles tempos, tinha medo e eu desafiava a todos. Hoje em dia, não costumo sair tanto de casa pra ver a chuva de perto, olho mais pela janela do carro, pela janela do quarto, pela tela, pela janela, mas ainda vou pro meio dela. E continuo conhecendo gente que morre de medo de tempestades. São casos patológicos. Não consigo entendê-los, assim como eles não respeitam minha mania de me jogar no meio do temporal.

Acho que no meio disso tudo, uma hora eu encontro um companheiro, alguém que não tem medo de se molhar, que olhe para os raios do mesmo jeito que eu, que ache que o resfriado, a gripe, a pneumonia são meros detalhes, coisas que fazem parte do enfrentamento. Uma hora eu acho… uma hora, duas horas, qualquer hora…

O Físico

Aprendi a gostar de música com meu querido pai. Desde quando eu tava na barriga da senhora minha lindona mãe, ele colocava musiquinha pra eu ouvir. Depois, quando eu era um bebê chorão, ele continuava dedicando horinhas do dia me ensinando que música é uma coisa bacana.

Meu pai é físico. Sim, ele é FÍSICO. Daqueles que você, geralmente, odeia quando tá no ensino médio. Ele dá aulas na UnB, sempre frequentei a universidade por causa disso. É, eu ia pra lá passear, usar a internet, quando não tinha isso aqui em casa e essas coisas. Além de ser professor de Física, meu pai adora Fernando Pessoa, Maria Bethânia, Hermann Hesse, Chico e Nat King Cole. Estranho, né? Um físico que gosta de Van Gogh… Pior, é ele quem sempre lembra aniversário de casamento, dá presente de dia dos namorados e faz festa surpresa pra minha mãe. É, meu pai é louco. Além de ser conhecido como PÃE. Porque eu e minha irmã não temos um pai e uma mãe, mas duas mães. Ele quem dá remédio quando as duas bebês (uma de 22 e outra de 20) estão doentes, arruma a caminha quando uma das duas dorme no sofá e todas as coisas estão lá espalhadas, cozinha quando não tem outra pessoa pra fazer almoço e liga milhões de vezes quando a gente sai ou viaja.

Então, muito do meu gosto musical é influência desse papai-mãe. E meu gosto pelo jazz nasceu ali no Nat King Cole. Não que eu seja uma grande conhecedora do estilo, mas estou me “embrenhando por essas matas” (brega). Tantas outras coisas vieram daí, nem eu poderia imaginar.

Mas é isso, só queria falar do meu pai, porque ele é uma pessoa maravilhosa que eu AMO muito e que sempre me apóia nas minhas decisões idiotas e espertas. É um ótimo colo, um ótimo companheiro, um cara inteligentão, me dá dinheiro pra comprar livros e tudo o mais. Um Pãe.

*não tenho uma foto desse cochilador profissional aqui =\